Alunas seguiram ritos de facção para espancar colega em escola de Alto Araguaia, diz polícia

VIOLENCIA

Alunas seguiram ritos de facção para espancar colega em escola de Alto Araguaia, diz polícia
Alunas seguiram ritos de facção para espancar colega em escola de Alto Araguaia, diz polícia (Foto: Reprodução)

As investigações preliminares sobre , em Alto Araguaia (MT), apontam que a cena de violência foi orquestrada pelos próprios estudantes como uma espécie de “tribunal do crime”, em que a vítima foi julgada e punida de forma brutal dentro do ambiente escolar.
Segundo o delegado Marcos Paulo Oliveira, cerca de 20 alunos da escola formaram um grupo no qual estabeleceram regras, escolheram um líder e impuseram uma espécie de disciplina interna, tal qual como ocorre em facções criminosas. Ele afirma, inclusive, que em alguns casos o exemplo vem de casa, onde familiares de alguns dos jovens são integrantes de facções.
“Talvez inspirados por essa bandiolatria que, infelizmente, vem consumindo o nosso país, eles copiaram, de certa forma, o que ocorre dentro das facções criminosas”, afirmou o delegado.
Adolescente é brutalmente agredida por colegas dentro de escola estadual em Alto Araguaia. (Foto: Reprodução)
Adolescente é brutalmente agredida por colegas dentro de escola estadual em Alto Araguaia. (Foto: Reprodução)
As imagens, que circulam nas redes sociais desde o fim de semana, registram o momento em que uma estudante, ajoelhada e com o rosto voltado para a parede, é cercada pelas colegas e agredida com socos, chutes e até um pedaço de pau, enquanto as agressoras riem e filmam a ação.
O caso foi registrado na , que recebeu o vídeo da agressão nessa segunda-feira (4), seundo o delegado. As adolescentes envolvidas já foram identificadas, e seus responsáveis, juntamente com a diretora da escola, foram encaminhados à delegacia, onde prestaram depoimentos.
De acordo com o delegado Marcos Paulo Oliveira, a internet facilita o acesso a estatutos de diversas facções criminosas, o que pode ter influenciado a criação do grupo entre os alunos. A aluna agredida, por sua vez, teria descumprido uma das regras estabelecidas pelo grupo.
“Inclusive, uma das regras durante a agressão era não poder chorar, porque, se chorasse, a agressão seria ainda mais violenta”, revelou o delegado.
Além da vítima registrada no vídeo, as adolescentes envolvidas confessaram ter agredido outras quatro colegas por também terem desrespeitado as regras do grupo. Os vídeos dessas agressões foram encontrados e apreendidos nos celulares, durante a investigação policial.
O levantamento do histórico das adolescentes e de suas respectivas famílias revelou que “algumas famílias têm envolvimento com facções criminosas, o que talvez tenha culminado nessa ideia de criar o grupo, de reproduzir dentro da escola o que, possivelmente, já acontece em casa”, explicou Marcos.

O delegado também mencionou que uma das adolescentes havia sido conduzida recentemente à delegacia por estar andando com adultos ligados a uma facção criminosa, um deles portava drogas no momento da abordagem.
Oliveira reforça que a Polícia Civil está levantando todos os subsídios e informações para encaminhar o caso ao Ministério Público, e sugere a internação das , considerada a sanção mais grave no âmbito do .
O Ministério Público receberá o procedimento e adotará as providências cabíveis, que podem variar de aconselhamento a internação.
O delegado enfatizou que, embora o estado forneça toda a estrutura para a escola, incluindo psicólogos e uniformes, ele defende a necessidade de “um amadurecimento de toda a sociedade” diante da “quebra de valores”, do “culto a bandidos” e da relativização do porte de drogas.
Para ele, esses fatores “potencializam esse tipo de situação” em cidades como Alto Araguaia, que tem cerca de 14 mil habitantes.
A direção da escola também pode ser responsabilizada por eventual omissão na segurança dos alunos.
A comunidade escolar, incluindo pais, alunos e representantes, já cobra reforço na segurança, ações educativas contra a violência e medidas firmes contra os agressores. As providências estão sendo tomadas e o caso será encaminhado ao Ministério Público para que adote as medidas previstas no ECA.
Vídeo de adolescente agredida circula nas redes
As imagens, que circulam nas redes sociais desde o fim de semana, registram o momento em que uma estudante, ajoelhada e com o rosto voltado para a parede, é cercada pelas colegas e agredida com socos, chutes e até um pedaço de pau, enquanto as agressoras riem e filmam a ação.
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A primeira agressora desfere tapas no rosto da colega e diz: “conta quantos tapas eu dei”. A segunda se aproxima com mais violência e desferre vários socos na cabeça da vítima.
Na sequência, a terceira pega um pedaço de pau e o utiliza para bater na estudante, que permanece ajoelhada e sem reagir. A quarta agressora puxa os cabelos da vítima, a arrasta pelo chão e continua com os ataques, desferindo chutes, inclusive na região da cabeça, enquanto as outras riem.
Apesar de saberem que estão sendo filmadas, as envolvidas mantêm o tom de deboche e seguem com as agressões.
Diante da repercussão, a  (Seduc-MT) divulgou nota oficial afirmando que já está apurando com rigor o caso e que as equipes gestora e psicossocial da escola e da Diretoria Regional de Educação foram mobilizadas para prestar atendimento à aluna agredida, aos demais envolvidos e às respectivas famílias.
“O caso já foi registrado junto à autoridade policial competente e, paralelamente, a Seduc está tomando as medidas disciplinares cabíveis, conforme as normas do Regimento Escolar e demais legislações vigentes, com providências firmes para que situação como esta não se repita, aplicando punições exemplares dentro do que permite a legislação”, diz o comunicado.
A pasta estadual também reafirmou o compromisso com um ambiente escolar seguro e acolhedor:
“Reafirmamos nosso compromisso com a promoção de um ambiente escolar seguro, respeitoso e acolhedor para todos.”
O caso já foi registrado junto à , que deve apurar as responsabilidades por possível prática de lesão corporal e atos infracionais, conforme o Estatuto da Criança e do  (ECA). A direção da escola também pode responder por eventual omissão na segurança dos alunos.
O vídeo, de curta duração, já gerou reações de pais, alunos e representantes da comunidade escolar, que cobram reforço na segurança, ações educativas contra a violência e medidas firmes contra os agressores.
A Seduc promete aplicar punições exemplares dentro dos limites da legislação.
A reportagem seguirá acompanhando os desdobramentos do caso.


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